segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Substituta_6


    - Estávamos caminhando como de costume depois da aula... – Clara começou a falar olhando para as folhagens. – Apesar de ter nos conhecermos a tão pouco tempo nós nos tornamos grandes amigas. Sabe, eu sempre fui a garota excluída, mas as coisas mudaram quando eu conheci Rebeca, ela era a garota mais popular da escola, a abelha rainha, mas por algum motivo ela gostava de mim. Naquele dia, quando caminhamos em direção ao penhasco, nosso lugar favorito para relaxar e conversar sozinhas, ela estava... diferente. Ela não conversava comigo, mas ficava me olhando fixamente, quando de repente ela foi em minha direção gritando e me lançou no chão. Eu não entendia, não entendia o porquê dela ter feito aquilo, mas não podia ficar quieta enquanto ela me batia daquele jeito, eu reagi e a empurrei.
    - Você a empurrou do penhasco? – perguntei olhando fixamente para Clara.
    - Não! Eu a empurrei para o lado, e sai correndo dali, depois disso eu fui para casa e dormi. Na outra manhã descobri que o corpo dela foi encontrado.
   - Então quer dizer que... já sei! – as peças se encaixaram. – os tais mascarados, aqueles três que estão tentando te fazer mal, provavelmente foram eles que empurraram Rebeca e te viram correr dali, eles devem ter pensado que você testemunhou o que eles fizeram!
     - Eu também acredito que foi isto que ocorreu, e isso me assusta ainda mais, afinal, se eles foram capazes de matar Rebeca eles também não vão pensar duas vezes antes de me matar.
      Olhei para as folhagens novamente, tentando alinhar meus pensamentos, e ela tinha razão. Levantei daquele banco sendo seguida por Clara.
      - Bom, vamos voltar para casa, tente não sair hoje entendeu, alias, não saia para não dar chances a estes psicopatas. Eu vou pensar em alguma forma de desmascara-los e arrumar provas para manda-los de vês para a cadeia. – ela me agradeceu.
     Seguimos caladas para a casa de Clara, ela se despede e entra no lugar apressadamente. Enquanto eu voltava para casa tive a ideia de saber um pouco mais sobre Rebeca, descobrir quem tinha contato com ela, amigos, inimigos e etc., quando de repente os meus pensamentos são interrompidos por gotas de chuva que caem intensamente do nada. Corri para um lugar seguro a fim de esperar que aquele temporal diminuísse, mas pela aparência do céu talvez eu ficasse ali por muito tempo.
    - Também foi pega de surpresa? – me virei para o dono da voz e pude notar que eu não estava sozinha, era aquele cara que eu encontrei concertando as coisas da minha casa, desta vez ele não estava sem camisa, mas aquela roupa branca e molhada não escondia o belo porte físico que ele possuía, me senti constrangida novamente, desviando meu olhar para a chuva. – Prazer, meu nome é Caleb.
   - Prazer, me chamo Laura. Você está trabalhando lá em casa não é? – pergunto tentando minimizar aquela sensação que parecia me tirar o ar.
  - Sim, e pelo jeito ainda iremos nos encontrar muitas vezes, sua casa está uma porcaria, com todo o respeito.
  - Eu sei, aquela velharia é uma bela de uma porcaria mesmo. – dei um sorriso.
  - Está gostando daqui Laura? – ele pergunta olhando para mim.
  - Pra falar a verdade até que estou me acostumando, só que sua cidade, com todo o respeito, é sinistra.
  - Você quis dizer que as pessoas daqui são sinistras, não é?
 - Você tirou as palavras da minha boca.
 - Sabe, as pessoas daqui podem até agir de forma estranha, mas não as culpe, você deve saber, guardar segredos pode acabar sendo um fardo muito grande.
 - Segredos? – pergunto olhando para ele intrigada. – E que segredos são estes?
 - Não posso lhe contar, afinal, não seriam mais um segredo. Bom... pelo menos não agora.
 - E quando você poderia me contar tais segredos?
 - O que acha neste sábado? Vai ter um baile de máscaras e eu preciso de um par.
 Eu o encaro meio apreensiva, mas ao ver aquele sorriso acabei cedendo, sair com alguém poderia ser divertido, e descobrir aquele tal segredo poderia ser ainda mais interessante.

       

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