- Estávamos caminhando como de costume
depois da aula... – Clara começou a falar olhando para as folhagens. – Apesar
de ter nos conhecermos a tão pouco tempo nós nos tornamos grandes amigas. Sabe,
eu sempre fui a garota excluída, mas as coisas mudaram quando eu conheci
Rebeca, ela era a garota mais popular da escola, a abelha rainha, mas por algum
motivo ela gostava de mim. Naquele dia, quando caminhamos em direção ao
penhasco, nosso lugar favorito para relaxar e conversar sozinhas, ela estava...
diferente. Ela não conversava comigo, mas ficava me olhando fixamente, quando
de repente ela foi em minha direção gritando e me lançou no chão. Eu não
entendia, não entendia o porquê dela ter feito aquilo, mas não podia ficar
quieta enquanto ela me batia daquele jeito, eu reagi e a empurrei.
- Você a empurrou do penhasco? – perguntei
olhando fixamente para Clara.
- Não! Eu a empurrei para o lado, e sai
correndo dali, depois disso eu fui para casa e dormi. Na outra manhã descobri
que o corpo dela foi encontrado.
- Então quer dizer que... já sei! – as peças
se encaixaram. – os tais mascarados, aqueles três que estão tentando te fazer
mal, provavelmente foram eles que empurraram Rebeca e te viram correr dali,
eles devem ter pensado que você testemunhou o que eles fizeram!
- Eu também acredito que foi isto que
ocorreu, e isso me assusta ainda mais, afinal, se eles foram capazes de matar
Rebeca eles também não vão pensar duas vezes antes de me matar.
Olhei para as folhagens novamente, tentando
alinhar meus pensamentos, e ela tinha razão. Levantei daquele banco sendo
seguida por Clara.
- Bom, vamos voltar para casa, tente não
sair hoje entendeu, alias, não saia para não dar chances a estes psicopatas. Eu
vou pensar em alguma forma de desmascara-los e arrumar provas para manda-los de
vês para a cadeia. – ela me agradeceu.
Seguimos caladas para a casa de Clara, ela
se despede e entra no lugar apressadamente. Enquanto eu voltava para casa tive
a ideia de saber um pouco mais sobre Rebeca, descobrir quem tinha contato com
ela, amigos, inimigos e etc., quando de repente os meus pensamentos são
interrompidos por gotas de chuva que caem intensamente do nada. Corri para um
lugar seguro a fim de esperar que aquele temporal diminuísse, mas pela
aparência do céu talvez eu ficasse ali por muito tempo.
- Também foi pega de surpresa? – me virei
para o dono da voz e pude notar que eu não estava sozinha, era aquele cara que
eu encontrei concertando as coisas da minha casa, desta vez ele não estava sem
camisa, mas aquela roupa branca e molhada não escondia o belo porte físico que
ele possuía, me senti constrangida novamente, desviando meu olhar para a chuva.
– Prazer, meu nome é Caleb.
- Prazer, me chamo Laura. Você está
trabalhando lá em casa não é? – pergunto tentando minimizar aquela sensação que
parecia me tirar o ar.
- Sim, e pelo jeito ainda iremos nos
encontrar muitas vezes, sua casa está uma porcaria, com todo o respeito.
- Eu sei, aquela velharia é uma bela de uma
porcaria mesmo. – dei um sorriso.
- Está gostando daqui Laura? – ele pergunta
olhando para mim.
- Pra falar a verdade até que estou me
acostumando, só que sua cidade, com todo o respeito, é sinistra.
- Você quis dizer que as pessoas daqui são
sinistras, não é?
- Você tirou as palavras da minha boca.
- Sabe, as pessoas daqui podem até agir de
forma estranha, mas não as culpe, você deve saber, guardar segredos pode acabar
sendo um fardo muito grande.
- Segredos? – pergunto olhando para ele
intrigada. – E que segredos são estes?
- Não posso lhe contar, afinal, não seriam
mais um segredo. Bom... pelo menos não agora.
- E quando você poderia me contar tais
segredos?
- O que acha neste sábado? Vai ter um baile de
máscaras e eu preciso de um par.
Eu o encaro meio apreensiva, mas ao ver aquele
sorriso acabei cedendo, sair com alguém poderia ser divertido, e descobrir
aquele tal segredo poderia ser ainda mais interessante.
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