sábado, 28 de dezembro de 2013

Substituta_5

         - Porque você estava com Clara? – Ana pergunta.
        - Ela é minha amiga, por quê?
        - Ficaria longe dela se eu fosse você. – Abel fala olhando seriamente para mim.
        - E porque eu devo ficar longe dela? – pergunto encarando-o.
        - Há muito tempo aconteceu um incidente na nossa escola, uma garota, a garota mais popular da escola acabou morrendo afogada depois de ser lançada do penhasco que fica detrás do bosque seguindo pelo fundo do colégio. A única pessoa que estava com a garota antes do incidente era Clara, e alguns dizem que foi ela que a empurrou do penhasco. – Abel fala.
          - Fala sério. – eu digo não acreditando naquelas palavras. – Então é por isso que esta gente está maltratando ela? Por boatos?
         Saio dali deixando os dois sozinhos, não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. O fato de alguém ter morrido e Clara possivelmente ter sido testemunha me assustava um pouco, mas eu não acreditava que ela era uma assassina. Fui para a aul, a mas não me concentrei, passei horas pensando no que estava acontecendo quando as tudo começou a fazer sentido.
          - Clara! - Chamei por ela quando estávamos no intervalo. – Podemos conversar?
         - Sim, claro! – ela falou abaixando a cabeça, parecia estar envergonhada. Pude notar as pessoas nos encarando com frieza.
         - Ana e Abel me contaram o que aconteceu há algum tempo... o incidente com uma garota que estudava aqui.
        - Você está falando da Rebeca não é? – ela falou cabisbaixa.
        - Rebeca, então este é o nome dela? Bom, é por causa desta garota que todos aqui agem desta forma? O que aconteceu realmente?
        - Porque você está me perguntando isso? Por acaso está me acusando também? – ela disse parando de frente ao seu armário e abrindo-o para guardar alguns livros.
        - Não! Não é isso que eu quero... – minhas palavras foram interrompidas quando alguém passou correndo e me empurrou. A queda fez com que eu batesse minha cabeça, de repente tudo a minha volta ficou embaçado, mas pude notar o que aquela pessoa encapuzada fizera depois de me empurrar.
       A pessoa foi diante o armário de Clara e o fechou bruscamente enquanto a mão de Clara ainda estava dentro do armário, como reflexo, antes do choque ela tirou sua mão, porém, o golpe atingiu diretamente um de seus dedos. A dor foi tanta que ela chegou a se ajoelhar no chão.
      Enquanto o encapuzado corria para fora do nosso alcance, eu jurava que pude ver aquela maldita mascara que vi no primeiro dia que cheguei nesta cidade.  Me levantei ainda tonta e fui em direção a Clara, ela permanecia ali, encolhida, sentindo aquela dor  sem exprimir nenhum grito, somente gemidos quase inaudíveis podiam ser ouvidos, ela era mais forte do que aparentava.
       Me aproximei e sentei ao seu lado, me recuperei rapidamente apesar da dor latejante na minha cabeça e a ajudei a levantar. Seguimos para fora do colégio ignorando os gritos do zelador que ficava no portão principal.
           Sentamos em um banco da praça, debaixo da sombra de uma grande árvore, olhei para ela e dei um sorriso tristonho.
           - Vamos ter que ir Ao hospital novamente.
           - Não! Por favor, minha avó ficou muito preocupada da ultima vez e ela possui problemas de saúde! Eu estou bem. – os pais de Clara haviam morrido há alguns anos, desde então ela vive com a avó.
          - Tem certeza? – perguntei preocupada ao ver o hematoma.
          - Tenho.

          Olhei para cima e pude notar a beleza do reflexo da luz do sol em contato com as folhagens daquela árvore, quando de repente, a imagem daquela boneca veio novamente à minha mente, agora eu tinha certeza, aquelas bonecas indicariam os atentados que Clara iria sofrer, mas ainda existiam muitas duvidas. Quem me enviava as bonecas? Quem eram os mascarados? Quem era Rebeca? E qual a relação dela com Clara? Naquele momento, debaixo daquela sombra e daquelas folhagens eu decidi que iria descobrir a verdade.

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