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Porque você estava com Clara? – Ana pergunta.
- Ela é minha amiga, por quê?
- Ficaria longe dela se eu fosse você.
– Abel fala olhando seriamente para mim.
- E porque eu devo ficar longe dela? –
pergunto encarando-o.
- Há muito tempo aconteceu um incidente
na nossa escola, uma garota, a garota mais popular da escola acabou morrendo
afogada depois de ser lançada do penhasco que fica detrás do bosque seguindo
pelo fundo do colégio. A única pessoa que estava com a garota antes do
incidente era Clara, e alguns dizem que foi ela que a empurrou do penhasco. –
Abel fala.
- Fala sério. – eu digo não
acreditando naquelas palavras. – Então é por isso que esta gente está
maltratando ela? Por boatos?
Saio dali deixando os dois sozinhos,
não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. O fato de alguém ter morrido
e Clara possivelmente ter sido testemunha me assustava um pouco, mas eu não
acreditava que ela era uma assassina. Fui para a aul, a mas não me concentrei,
passei horas pensando no que estava acontecendo quando as tudo começou a fazer
sentido.
- Clara! - Chamei por ela quando
estávamos no intervalo. – Podemos conversar?
- Sim, claro! – ela falou abaixando a
cabeça, parecia estar envergonhada. Pude notar as pessoas nos encarando com
frieza.
- Ana e Abel me contaram o que
aconteceu há algum tempo... o incidente com uma garota que estudava aqui.
- Você está falando da Rebeca não é? –
ela falou cabisbaixa.
- Rebeca, então este é o nome dela?
Bom, é por causa desta garota que todos aqui agem desta forma? O que aconteceu
realmente?
- Porque você está me perguntando isso?
Por acaso está me acusando também? – ela disse parando de frente ao seu armário
e abrindo-o para guardar alguns livros.
- Não! Não é isso que eu quero... –
minhas palavras foram interrompidas quando alguém passou correndo e me
empurrou. A queda fez com que eu batesse minha cabeça, de repente tudo a minha
volta ficou embaçado, mas pude notar o que aquela pessoa encapuzada fizera
depois de me empurrar.
A pessoa foi diante o armário de Clara e
o fechou bruscamente enquanto a mão de Clara ainda estava dentro do armário,
como reflexo, antes do choque ela tirou sua mão, porém, o golpe atingiu
diretamente um de seus dedos. A dor foi tanta que ela chegou a se ajoelhar no
chão.
Enquanto o encapuzado corria para fora do
nosso alcance, eu jurava que pude ver aquela maldita mascara que vi no primeiro
dia que cheguei nesta cidade. Me
levantei ainda tonta e fui em direção a Clara, ela permanecia ali, encolhida,
sentindo aquela dor sem exprimir nenhum
grito, somente gemidos quase inaudíveis podiam ser ouvidos, ela era mais forte
do que aparentava.
Me aproximei e sentei ao seu lado, me
recuperei rapidamente apesar da dor latejante na minha cabeça e a ajudei a
levantar. Seguimos para fora do colégio ignorando os gritos do zelador que
ficava no portão principal.
Sentamos em um banco da praça, debaixo
da sombra de uma grande árvore, olhei para ela e dei um sorriso tristonho.
- Vamos ter que ir Ao hospital
novamente.
- Não! Por favor, minha avó ficou
muito preocupada da ultima vez e ela possui problemas de saúde! Eu estou bem. –
os pais de Clara haviam morrido há alguns anos, desde então ela vive com a avó.
- Tem certeza? – perguntei preocupada
ao ver o hematoma.
- Tenho.
Olhei para cima e pude notar a beleza
do reflexo da luz do sol em contato com as folhagens daquela árvore, quando de
repente, a imagem daquela boneca veio novamente à minha mente, agora eu tinha
certeza, aquelas bonecas indicariam os atentados que Clara iria sofrer, mas
ainda existiam muitas duvidas. Quem me enviava as bonecas? Quem eram os
mascarados? Quem era Rebeca? E qual a relação dela com Clara? Naquele momento,
debaixo daquela sombra e daquelas folhagens eu decidi que iria descobrir a
verdade.
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