Peguei a boneca e subi as escadas indo em
direção ao meu quarto, coloquei ela na cômoda que ficava de frete à minha cama
e peguei um de meus livros e comecei a ler para me distrair um pouco. Algumas
palavras, uma olhada na boneca, outras palavras, mais uma olhada. Aquele
brinquedo me incomodava de alguma forma, por fim, joguei o livro pro lado,
peguei a boneca e a joguei dentro do meu guarda roupa, me voltando para a
leitura mais uma vez, porém minha mente não me dava descanso, eu não conseguia
me concentrar no livro.
Anoiteceu rapidamente, meu celular
toca, era o meu pai, ele falava que não ia chegar cedo naquela noite e que eu
teria que me virar com o jantar.
- Como assim? É o seu
primeiro dia na delegacia aqui e já estão te escravizando?
- Desculpe querida, mas vou ter que
ficar por aqui.
Ele desliga o telefone. Eu desço em
direção a cozinha e começo a preparar um macarrão instantâneo quando me assusto
com bruscas batidas na porta.
As batidas subitamente param. Eu decido ignorar mas mais uma vez alguém bate na
porta bruscamente, fazendo com que a madeira trema, por alguma razão aquilo me
assustava, eu peguei uma faca na gaveta e lentamente me dirigi a porta afim de
ver do que se tratava.
Me dirigi em direção à janela que
ficava do lado da porta e olhei de relance, alguém estava sentado encostado na
porta, quando eu vi algo que me chamou a atenção, os olhos daquela pessoa eram
de um azul incrivelmente belo. Abri a porta e segurei o corpo dela, ela tremia
muito e segurava o seu braço.
- Desculpa... eu não podia recorrer
a ninguém... – a garota de longos cabelos negros e olhos azuis falou, ofegante.
- Tudo bem, não se preocupe, mas o
que diabos aconteceu? – falei retirando a blusa de frio da garota
cuidadosamente, quando vi o ferimento.
O braço dela possuía um hematoma
incrivelmente avermelhado e inchado, com certeza o braço dela estava quebrado.
Peguei o telefone e liguei para o hospital.
- O que você está fazendo? – ela
pergunta.
- Estou pedindo ajuda, o seu braço
está quebrado, precisamos de um medico.
- Ma-mas...
- Nada de mas, eles já estão vindo.
Eu olhei fixamente para ela, a imagem
da boneca tomou conta da minha mente subitamente, era obvio que havia alguma
relação com aquele acontecimento.
Depois de irmos ao hospital levei a
garota novamente para a sua casa.
- O que foi que aconteceu com o seu
braço? – perguntei.
- Aqueles garotos... – ela falou
abaixando a cabeça. – Aqueles garotos mascarados me jogaram no chão e bateram
no meu braço com um pedaço de ferro.
- Droga! E porque eles fizeram isso com
você? – eu não conseguia entender o porquê de tanta covardia e brutalidade.
- Eu não sei. – ela começa a chorar e
me da um abraço. – Eu não sei.
Eu correspondo ao abraço e sussurro no
ouvido dela.
- Não se preocupe, a partir de agora vou
proteger você.
Ela se silencia e sorri para mim.
- Mas me diga uma coisa, qual é o seu
nome?
- O meu nome é Clara. – ela responde.
- Prazer Clara. – eu dou um sorriso. – O
meu nome é Laura.
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