Acordei no dia seguinte com a cabeça
pesada, aquela cena ficava se repetindo durante o meu sono e quanto mais eu
tentava esquecer eu não conseguia, segui para o banheiro e tomei um banho.
Sequei meus cabelos ruivos e olhei para mim mesma no espelho procurando por
aquele verde belo e iluminado que habitava os meus olhos, mas no lugar de tão
bela cor estava um verde sem vida e tristonho.
Desci as escadas e peguei uma torrada,
dei bom dia ao meu pai e logo depois me dirigi à escola sem ao menos ouvir o
que ele dissera, acho que era algo relacionado a tomar o café da manhã direito
ou algo assim. Caminhei por aquela rua calma e passei pelo muro onde o evento
do dia anterior ocorrera, gotas do sangue daquela garota estavam ali e a cena
se repetiu novamente em minha mente, quando fui interrompida por alguém.
- Bom dia! – um rapaz alto, loiro e de
olhos claros me cumprimentou. – Você é a garota que se mudou para aquela casa
ali não é?
- Nossa! Péssima maneira de puxar
assunto. – uma garota de longos cabelos loiro e olhos de mesma cor aparece por
detrás do rapaz e estende sua mão para me cumprimentar. – Prazer, meu nome é
Ana, e esse galanteador aqui se chama Abel, somos seus vizinhos.
- Prazer. – respondi me forçando a dar um
sorriso. – Meu nome é Laura.
- Bom, acredito que estudaremos juntos, se
importa de irmos para a escola com você?
- De forma alguma. – caminhamos juntos até
a escola, a garota falava demais, o garoto às vezes, e eu ficava calada ouvindo
os meus novos “amigos”, pelo menos as besteiras que eles falavam me distraiam
um pouco.
As aulas seguiram monótonas, aquele era um
típico colégio como outro qualquer, existiam grupos de populares, nerds e etc.,
mas alguém não se encaixava em nenhum deles, era a garota de longos cabelos
negros e olhos azuis. Eu tentei me aproximar dela diversas vezes a fim de
perguntar se ela estava bem, mas toda vez que eu ia em sua direção ela fugia.
Eis que a ultima aula é dada, e todos se põem a sair do colégio, quando de
repente uma pessoa é empurrada e seus cadernos são lançados ao chão, era a
garota.
As pessoas a rodearam e começaram a
ofendê-la, encara-la, rirem. Eu mais uma vez não suportei, corri em direção à
garota, a levantei do chão e gritei para que eles parassem. Um silêncio mortal
tomou conta do lugar. Sai dali ajudando a garota e a levei até a sua casa,
permanecemos assim, caladas por todo o percurso até finalmente chegarmos a um
casarão velho que ficava do outro lado da cidade.
- Bom, acredito que chegamos. Até mais, e
tome cuidado com esses idiotas. – falei me virando e começando a andar em
direção a minha casa, quando pude ouvir um baixo e quase inaudível
agradecimento. – De nada. – respondi tomando meu caminho de volta.
Demorei cerca de vinte minutos para
chegar em casa, notei que o almoço estava posto no micro-ondas como de costume,
esquentei a comida e a devorei seguindo para a pia e limpando a louça. Me
dirigi às escadas para poder me deitar e descansar um pouco no meu quarto
quando a campainha toca. Fui em direção à porta e quando a abri não havia
ninguém, sai de casa e desci escadinhas e olhei ao meu redor, mas não havia
nenhum sinal de que alguém passara por ali, quando notei uma caixa preta posta
na minha frente.
Peguei a caixa meio apreensiva, olhei a
minha volta mais uma vez e voltei para dentro. Coloquei a caixa na mesa da
cozinha e cuidadosamente abri a tampa, dentro dela havia algo envolto a um pano
branco. Tirei o pano e acabei me assustando, era uma boneca, muito bonita, mas
igualmente assustadora, e o que mais me intrigava, ela tinha longos cabelos
negros e olhos azuis, como os daquela garota; mas algo se apresentava estranho
no brinquedo, o braço da boneca estava quebrado.
Soltei a boneca na caixa e corri em
direção à porta e olhei para fora novamente, me certificando que não havia
ninguém, voltei para dentro e tranquei a porta, certo medo tomou conta de mim
Porque aquilo me assustava tanto? Porque a boneca se parecia tanto com aquela
garota? Porque me entregaram aquilo? Porque ela estava com o braço quebrado? E
afinal de contas, o que estava acontecendo nessa droga de cidade?
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