- Não é
possível! – a criatura olha para Sara, seu corpo tremia de medo. – Você estava
morta! Morta!
- Você estava errada. Eu nunca morri. Na
verdade eu estava em coma, e por causa do efeito de sua magia negra eu não pude
me recuperar tão rápido, mas agora... – Sara levanta sua mão direita lentamente
em direção à criatura. – agora eu estou de volta, e tenho algo a fazer. –
pequenos cacos de vidro saem da mão de Sara e flutuam em direção a criatura, o
desespero paralisa o corpo da aberração e quando ela nota, os cacos já estavam
penetrando em sua pele, fazendo com que seu sangue escorresse pelo chão do
porão.
- Por quê?...
- Você brincou com o desconhecido, o usou
ao seu favor para satisfazer seus caprichos, caprichos estes que causaram dor a
diversas pessoas, famílias foram destruídas por sua causa. Mas a magia tem um
preço, e ele me escolheu para cobrá-lo.
- Ele?
- Sim... o Espelho.
Sara fecha suas mãos bruscamente e os
pedaços de vidro que se encontravam no interior do corpo da criatura se moveram
violentamente, dilacerando o corpo daquele ser e espalhando seus pedaços pelo
porão.
- Sara... – Samuel não podia crer no que
ele tinha acabado de ver. – Sara! – o rapaz se força a levantar e corre em
direção da irmã, abraçando-a, sim, aquela era Sara, ele podia sentir.
- Samuel, perdoe-me por tudo que aconteceu,
eu queria impedi-la, eu juro! – ela disse abraçando-o de volta.
- Não se preocupe, não me importo com nada
do que aconteceu, o importante é que tudo teve um fim! Finalmente as coisas
irão voltar a serem como antes! Vamos! Vamos para casa!
Sara abaixa a cabeça, Samuel nota que ela
estava triste por alguma razão.
- Não Samuel, nada será como antes. Os
corpos daqueles que me fizeram mal possuem minhas digitais, logo a policia virá
a minha procura. Eu não posso viver mais aqui, tenho que fugir.
Tais palavras fizeram Samuel cair na real,
desde o desaparecimento de Sara as coisas nunca mais poderiam voltar a ser como
antes.
- Eu
queria ficar com vocês pelo resto da minha vida, queria viver novamente
momentos felizes, mas se eu ficar aqui nossa família nunca mais terá paz. –
Sara da um beijo na testa de Samuel, logo depois ela se vira para Carol. –
Carol. – ela abraça a amiga. – Por favor, cuide de Samuel por mim.
- Pode deixar. – Carol fala com lágrimas
nos olhos.
- Bom, eu já vou indo. – Sara anda em
direção à porta do porão. – Quem sabe um dia a gente se encontre novamente? –
Sara olha para o casal. – Eu amo vocês.
Sara da um sorriso e sai do lugar. Samuel
corre em direção a porta, mas ao olhar para o lado de fora nota que não havia
ninguém nos corredores. Carol abraça o rapaz e o deixa chorar, por fim, quando
as lagrimas se cessaram, Samuel da um beijo em Carol, pega na mão de sua
namorada e vão em direção à saída do casarão. Ao passarem perto dos restos de
Marcos, Samuel nota algo que chama sua atenção. Uma caixa de fósforos, a mesma
que Marcos usara para apagar as provas do que fizera a Sara, ele pega o objeto
e o acende, ateando fogo no casarão.
O casal sai do casarão, enquanto as
chamas consomem as terríveis lembranças que aquele lugar trazia, e com o tempo,
a dor de ter passado por aqueles momentos se tornara apenas cinzas.
.................................................
Duas crianças, ambas de cabelos negros e olhos
azuis correm atrás de uma bola naquele campo verdejante, quando de repente uma
das crianças chuta a bola para longe. Elas vão atrás do brinquedo e notam que
uma linda jovem o pegara.
- Obrigada moça! – a garotinha recebe
o objeto da jovem.
- De nada! – a jovem acaricia os
cabelos das duas crianças.
- Sara! Victor! Venham logo! O almoço
já está pronto! – a voz da mãe das crianças faz com que elas corram em direção
ao caminho de volta, antes de irem eles acenam para a moça, se despedindo. A
moça acena de volta e da um sorriso.
- Onde vocês estavam? – o homem
pergunta aos seus filhos.
- Estávamos procurando a nossa bola,
sorte que aquela moça de cabelos negros e olhos azuis pegou ela pra gente! Sabe
papai, até que ela parecia com você!
O homem se levanta e corre em
direção ao local onde as crianças disseram ter visto a moça, mas ao chegar lá
não nada além de um pedaço de espelho.
Fim.
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