Vocês já
ouviram sobre o massacre da família Alencar? Bom, eu era uma das filhas do
casal, meu nome era Emile. Naquela tarde tínhamos acabado de ir a um médico e
eu recebi a noticia de que eu estava com câncer. Aquela noticia me fez cair em
desespero, os médicos diziam que eu sobreviveria caso seguisse o tratamento,
mas os efeitos colaterais eram avassaladores. Decidi então me curar... usando
magia negra.
Em uma noite quando os meus pais estavam
fora, eu e minha irmã fomos até o porão com todos os ingredientes que aquele
livro mandava. Fizemos o ritual, mas algo acabou dando errado, por algum motivo
eu acabei morrendo. Eu sabia que eu estava morta, mas eu continuava podendo ver
a minha irmã naquela sala, pude ver pelo que Amanda passava, seu sofrimento, o
fato de meus pais parecerem culpa-la pelo que ocorrera comigo. Quando em uma
noite eu notei que ela estava ali no sótão novamente, com aquele maldito livro
nas mãos e alguns ingredientes.
Ela começou uma espécie de ritual, e pude
perceber o que ela queria fazer. A dor de me perder era forte de mais, e a
idiota usou da mesma coisa que me tirou a vida para me fazer voltar. Ela
misturou algumas coisas e de repente retirou algo de sua bolça, era algo
envolto a um pano branco, quando vi do que se tratava não pude acreditar, era a
minha mão... decepada.
Amanda, minha irmã gêmea, medrosa e
chorona como ela, estava lidando com magia negra e até mesmo teve coragem de
decepar a mão do meu cadáver. Ela misturou os materiais no mesmo recipiente que
usamos na noite em que eu morri. Depois ela pegou uma faca e cortou sua mão
deixando o seu sangue cair no recipiente, jogou um pouco do material na minha
mão e depois despejou o restante do material sobre ela mesma, aquele liquido
espeço e avermelhado corria sobre o corpo de Amanda como se estivesse se
multiplicando.
Minha irmã começou a andar em direção ao
espelho que ficava embutido na parede do sótão. Ela tocou no espelho e as mãos
dela penetraram no objeto, quando dei por mim, estava sendo arrastada para fora
do espelho, sim, de alguma forma eu voltei à vida, tinha um corpo, sabia quem
eu era, mas não tinha algo que possuía antes de minha morte... uma alma.
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