sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Espelho_11



    Vocês já ouviram sobre o massacre da família Alencar? Bom, eu era uma das filhas do casal, meu nome era Emile. Naquela tarde tínhamos acabado de ir a um médico e eu recebi a noticia de que eu estava com câncer. Aquela noticia me fez cair em desespero, os médicos diziam que eu sobreviveria caso seguisse o tratamento, mas os efeitos colaterais eram avassaladores. Decidi então me curar... usando magia negra.
       Em uma noite quando os meus pais estavam fora, eu e minha irmã fomos até o porão com todos os ingredientes que aquele livro mandava. Fizemos o ritual, mas algo acabou dando errado, por algum motivo eu acabei morrendo. Eu sabia que eu estava morta, mas eu continuava podendo ver a minha irmã naquela sala, pude ver pelo que Amanda passava, seu sofrimento, o fato de meus pais parecerem culpa-la pelo que ocorrera comigo. Quando em uma noite eu notei que ela estava ali no sótão novamente, com aquele maldito livro nas mãos e alguns ingredientes.
      Ela começou uma espécie de ritual, e pude perceber o que ela queria fazer. A dor de me perder era forte de mais, e a idiota usou da mesma coisa que me tirou a vida para me fazer voltar. Ela misturou algumas coisas e de repente retirou algo de sua bolça, era algo envolto a um pano branco, quando vi do que se tratava não pude acreditar, era a minha mão... decepada.
      Amanda, minha irmã gêmea, medrosa e chorona como ela, estava lidando com magia negra e até mesmo teve coragem de decepar a mão do meu cadáver. Ela misturou os materiais no mesmo recipiente que usamos na noite em que eu morri. Depois ela pegou uma faca e cortou sua mão deixando o seu sangue cair no recipiente, jogou um pouco do material na minha mão e depois despejou o restante do material sobre ela mesma, aquele liquido espeço e avermelhado corria sobre o corpo de Amanda como se estivesse se multiplicando.
      Minha irmã começou a andar em direção ao espelho que ficava embutido na parede do sótão. Ela tocou no espelho e as mãos dela penetraram no objeto, quando dei por mim, estava sendo arrastada para fora do espelho, sim, de alguma forma eu voltei à vida, tinha um corpo, sabia quem eu era, mas não tinha algo que possuía antes de minha morte... uma alma.

        

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